Não existe gravidez mais difícil ou fácil que outra!


Na minha primeira gestação, tudo eram flores.
Mentira, nada era flor e eu descobri que a gestação que vemos por aí não tem NADA em comum com o que uma mulher realmente passa ao longo desses 9 meses. Nove? Quer dizer, olha só mais uma mentira. A gestação dura 40 semanas, o que resulta em nove meses e meio. Essa diferença pode parecer minúscula, mas um dia é muito para quem espera um filho. Só quem é gestante ou já passou pela gestação sabe o tamanho da ansiedade que acompanha essas 40 (mais ou menos) semanas.

Mas vamos voltar ao tema inicial... na primeira gestação, eu não fazia muito da vida. Trabalhava esporadicamente (de forma freelancer) e fazia faculdade presencialmente a noite. Assim que descobri a gravidez, corri atrás de outro sonho que tinha: o de ter uma segunda graduação e me matriculei em um curso à distância. Além de enxoval, berço, carrinho e etc, minha maior preocupação era comprar mais travesseiros, afinal, toda grávida sabe como é gostoso dormir com quinhentos e setenta e dois travesseiros - dois pra cabeça, um pras costas, outro pra colocar entre as pernas e assim vai (é brincadeira, tá? As preocupações eram outras, mas preciso retratar que, em questão de responsabilidade, tudo era diferente).

Apesar de não ter tantas responsabilidades, passei por momentos muito tristes durante a gestação. Éramos muito novos, entrávamos em um período diferente de nossas vidas e não sabíamos como fazer isso. Lembro de um dia que eu estava sentada na mesa da cozinha e meu pai, que é um homem de poucas palavras, virou para mim e disse "Pega leve, porque ele tá apavorado" se referindo ao pai do meu filho. No momento, aquilo me deixou brava por ele não ter percebido que eu também estava apavorada, mas hoje entendo o que ele disse - era a perspectiva dele como homem e, obviamente, como pai. O misto de felicidade e desespero tomou conta de todos e me vi em situações que jamais esperaria passar. Chorava, chorava muito... Os hormônios balançavam meu emocional, minha auto estima havia ido embora e a ansiedade foi a única que se manteve forte até o final. Resumindo essas 41 semanas: Minha responsabilidade era trabalhar o pouco que chegava e estudar. Mesmo assim, não foi fácil - e nunca é.

Quase três anos depois, estou aqui passando por uma gravidez novamente e parei pra pensar que não existe gravidez mais difícil que outra, existem apenas gestações diferentes.

(Nesse post estamos falando sobre psicológico/emocional e não sobre saúde física de mãe e bebê, certo?)

Hoje minha preocupação é outra. Estou em um relacionamento estável, nos amamos muito, já temos outro filho juntos e tudo está bem. Não teve surtos nem desesperos por não sabermos o que esperar dessa fase nova. Mas teve surto. E teve desespero... (quase) sempre tem!

Recém-formada e trabalhando na área há pouco tempo, não posso me dar ao luxo de parar tudo por conta da gravidez, apesar de essa ser a minha vontade quase todos os dias. A responsabilidade, principalmente financeira, pesou mais. Na primeira gestação, eu não trabalhava, mas meu companheiro, sim. Hoje é o contrário. Eu trabalho quase 7 dias por semana enquanto ele vive minha situação do passado: Torce para ser chamado para trabalhos esporádicos.

Além disso, os esforços com uma criança são infinitos. Na primeira gestação eu não tinha que cuidar de ninguém a não ser de mim, hoje tenho um bebê de 2 anos que exige muita energia, cuidados, paciência e carinho. É uma delícia tê-lo e esperar pelo segundo? Sim, mas também é muito cansativo.

Em outras palavras:

Na primeira gestação, os problemas eram emocionais;
Na segunda gestação, os problemas são de responsabilidade.
O que teve de comum: Nas duas houve esgotamento psicológico!

Percebem que eu sou uma mãe de duas gestações e não posso falar que uma foi ou é mais fácil que a outra? Se eu, que passei pelas DUAS situações não consigo definir qual é mais difícil, por que as pessoas tentam julgar as dificuldades dos outros? Nenhuma dificuldade é fútil! Só quem está na situação que realmente entende o que está passando!

Vejo muita gente (até mesmo quem já passou pela maternidade), julgar a gravidez de outra pessoa, às vezes até mesmo desmerecendo a gestante pelo jeito que ela leva a vida, mas ninguém realmente sabe o que aquela mãe está passando, o que ela está sentindo.

Precisamos ser muito conscientes para não nos compararmos com outras pessoas e para não deixarmos que os outros nos comparem também. Ninguém sabe pelo que eu passo e penso. Ninguém sente minhas emoções. E eu também não sei pelo que os outros passam, sentem e pensam.

Então depois desse texto todo, eu só queria mesmo era dar esse recado:

Toda gestação é difícil. Não importa se for a primeira, a segunda, a terceira ou a sétima. Pessoas são apenas pessoas! Elas sentem, pensam e passam por situações que só elas sabem. Pense várias vezes antes de falar que a vida de alguém é fácil, pois você pode estar enganado. Temos que entender que todos tem sentimentos e um dos momentos mais delicados de toda nossa vida é quando outra vida nasce através da nossa. As vidas são diferentes, as pessoas são diferentes. Por isso defendo que não há gestação mais difícil, uma gestação é apenas diferente da outra.

Um beijo de uma mãe que entende a dificuldade de outra mãe e de uma gestante que entende a dificuldade de outra gestante,
Verônica.
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Escrito por Verônica Ponce

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