Todo casal merece filhos: A adoção por casais homoafetivos

casal homoafetivo de mãos dadas

Semana passada aconteceu a 20ª edição da Parada do Orgulho LGBT em São Paulo, o evento reuniu cerca de 3 milhões de pessoas que lutam pela igualdade e pelos direitos de homossexuais, transgêneros, bissexuais e travestis. Em 2011, o Brasil passou a reconhecer a união estável entre casais homoafetivos com os mesmos direitos conferidos às uniões estáveis entre homem e mulher. A luta agora é para que a partir dessa união uma família possa ser formada e casais homossexuais possam ter direito à adoção.

A questão está longe de ser um caso “aqui e outro ali”, e por isso merece nossa atenção e respeito. Uma Universidade da Califórnia fez uma estimativa de que somente nos EUA mais de 2 milhões de crianças pertencem à famílias homoafetivas. E no Brasil mais de 60 mil casais homossexuais vivem em união estável. Mas por que isso causa tanto incômodo e gera tanto medo e preconceito?

E no Brasil? É possível adotar?

O primeiro caso de adoção por casais homossexuais aconteceu em 2005, foi o primeiro caso em que na certidão de nascimento apareceu o nome dos dois pais da criança. Em 2010 um casal de mulheres também conseguiu adotar duas crianças. Não podemos negar que o preconceito existe e que muitas pessoas acham que a criação de uma criança por um casal homoafetivo pode prejudicar seu desenvolvimento e sua personalidade. Uma pesquisa revelou que 55% dos brasileiros são contra o casamento e a adoção feita por casais do mesmo sexo. Se você faz parte desses 55%, é hora de desmistificar alguns pensamentos, afinal, o interesse que sempre deve prevalecer é o da criança. Vamos ver alguns mitos que temos como verdades e tirar todas as dúvidas para perceber que o mais importante é a qualidade do vínculo e do afeto no meio familiar, independente do gênero e orientação sexual.


Os filhos de casais homossexuais serão também homossexuais?

Afirmar isso seria também afirmar que todos os filhos de casais heterossexuais também seriam heterossexuais. Entretanto tente se lembrar de algum amigo homossexual que você conhece que não veio de uma família hétero, difícil não é mesmo? Claro que existem diferenças nesses dois tipos de famílias, uma criança que vive com um casal do mesmo sexo provavelmente terá acesso a uma abertura maior à diversidade, mas ela pode se identificar ou não como homossexual. Não existe nenhum critério para afirmar que a orientação sexual dos pais interfira ou defina a dos filhos.


O preconceito pode trazer problemas para a criança?

O preconceito infelizmente é real, entretanto dentro de um ambiente escolar isso acontece não só com essas crianças, mas com milhares delas e pelos mais diversos motivos. O bullying acontece entre as crianças pela mais sutil diferença de peso, altura, cor da pele, condição financeira, status social, etc. Algumas pesquisas apontam que a porcentagem de perspectiva de futuro, índice de autoestima e índice de depressão são semelhantes tanto em filhos de casais heterossexuais quanto em filhos de casais homossexuais.

Toda criança precisa da figura do pai e da mãe?

É importante que a criança tenha contato com os dois sexos para ter uma referência do masculino e do feminino. O que não significa que essas figuras precisam ser de pai e de mãe. Dentro de um casal homossexual, a figura do feminino ou do masculino pode vir de uma avó ou um avô ou de uma figura de importância da criança. Isso é extremamente diferente da família heterossexual? Não! No Brasil, cerca de 18% das famílias são formadas somente por mãe e filhos. Essas crianças também precisam buscar uma referência masculina fora do contexto paternal, e fazem isso sem sofrer consequências em seu desenvolvimento.

Interesse da criança

Está mais do que claro que o desenvolvimento da criança não depende do tipo da família, mas do vínculo criado entre eles. Isso significa que filhos de pais e mães homoafetivas nunca terão problemas? Não. Se o vínculo não for saudável ou frágil, como pode acontecer em qualquer família, isso pode sim gerar problemas de comportamento, mas nada diferente do que pode acontecer com qualquer criança. Toda criança merece e tem o direito de participar de um núcleo familiar. Casais homoafetivos passam pelo mesmo processo que casais héteros para conseguir a adoção, e ambos podem conseguir ou não, entretanto negar a possibilidade de adoção para um casal gay é reforçar um preconceito diante do que parece ser diferente.

Toda criança merece ser amada, independente da família que está inserida.


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Photo Credit: ImaginemProductions via Compfight cc
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Escrito por Iara Borges

1 comentários:

  1. Acredito que a felicidade e a boa educação de uma criança independe de ser criada por um casal homoafetivo ou não.Toda criança merece um lar e uma família. Filho se cria com amor, carinho e respeito! Muito bom Dr.Iara Borges ��������

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