Se você quiser publicar seu relato aqui, é só enviar pra gente através do nosso e-mail: contato@meumundomudou.com.br
Vamos amar ler o relato de vocês, assim como o amamos ler o relato da Vanessa ♥
Vanessa durante o trabalho de parto |
Melina decidiu sair da casinha no dia 15/01/2016 às 20h49, uma sexta-feira chuvosa, fria de verão e com muito trânsito. Tirando a chuva e o trânsito que são super comuns em São Paulo, nunca imaginei que em pleno mês de janeiro estaria frio, mas tudo bem! Até melhor um clima mais fresco para passar por toda a intensidade de um trabalho de parto.
Mas essa história começou uns dias antes do dia 15. No dia 10/01 eu, minha mãe, irmã e sobrinho fomos ao shopping para trocar alguma coisa do meu sobrinho (não lembro o que era), aproveitei o momento para caminhar, estava de 38 semanas + 2 dias e nessa altura do campeonato é melhor aproveitar todos os momentos para se divertir em família antes do nascimento da bebê. E assim foi nosso passeio, minha barriga já estava super pesada, minha coluna reclamava e meus pés pareciam dormentes, mesmo assim continuei! Cheguei em casa cansada e dormi muito bem, mesmo com aquele barrigão.
Na segunda-feira, dia 11/01, acordei e durante o xixi matinal senti algo pesado cair, olhei para dentro do vaso sanitário e lá estava o pedaço do meu tampão, mas nada de cólicas ou dores no pé da barriga. Contei para minha doula e ela disse que o tampão poderia sair durante dias! No mesmo dia à noite comecei a sentir cólicas, às vezes fortes, às vezes fracas. Liguei para minha doula: Lari, socorroo o que são essas dores instáveis e irregulares? São os pródomos, vida! Ela disse. Terça e quarta o tampão continuou a sair e as cólicas continuaram.
Só um adendo, durante a gestação fiz acupuntura pensando na minha saúde e na preparação para meu trabalho do parto. As sessões, no começo quinzenais e nos últimos meses semanais, sempre me ajudaram com as dores na lombar, azia e as dores de cabeça. Sábios orientais!!! Meu acupunturista sugeriu que a partir da 38ª semana poderíamos começar a estimular alguns pontos hormonais e assim fizemos. Na sessão de do dia 12/01 estimulamos levemente dois pontos hormonais, fiquei com agulhinhas fixas com adesivo, aquelas de colocar na orelha, para massagear os pontos durante a semana e retornar na próxima sessão. Como disse antes, eu já sentia dores leves e irregulares que vinham a cada 30 ou 40 minutos!
Continuei com minha rotina, ainda estava trabalhando de casa e durante uma contração e outra eu digitava um e-mail e revisava relatório.
Dia 13/01 à noite comecei a sentir dores mais intensas, porém ainda irregulares, mas quando vinham eu via estrelas. Era uma dor que vinha da lombar para o pé da barriga ainda a cada 30 ou 40 minutos. Falei para meu companheiro que já era a hora de começar a cronometrar as tão esperadas contrações.
Perto das 20h00 liguei para Lari, pois tinha uma consulta marcada no posto de saúde na quinta de manhã. E agora vou ou não vou? Perguntei. Ela falou que era melhor eu não ir, pois a médica faria exame de toque e se eu estivesse com dilatação ela poderia me mandar para o hospital referência do posto. Este era meu grande medo, pois é um hospital público horrível aqui no meu bairro. Ela então pediu para que eu falasse na casa de parto – Casa Ângela (local escolhido para o nascimento da Mel), pois eu só iria à consulta no posto de saúde por ser pré-requisito para admissão na casa de parto. Então assim fiz, liguei para lá e fui instruída com muito cuidado e carinho para ir à consulta, mas que eu deveria tomar cuidado em falar que estava com dores, para evitar um exame de toque desnecessário e um encaminhamento forçado. Conversei com minha mãe e meu companheiro que iriamos todos juntos e bolamos um plano caso a médica me mandasse para o hospital. Eis o plano: eu grudaria na cadeira e falaria que ninguém me transferiria, e que eles (mãe e companheiro) se responsabilizavam em me tirar do posto mesmo em trabalho de parto. Bom plano não? Kkk Bom hora de dormir, foi uma longa noite, a cada contração eu mordia o lençol, o travesseiro e meu companheiro. Dormi com ele esquentando minha lombar e o pé da minha barriga, foi uma noite intensa!
Dia 14/01 acordei, quer dizer só levantei da cama né? Só consegui descansar durante os intervalos das contrações. Tomei um banho quente, um café reforçado e fui para o posto.
Percebi que as contrações estavam menos espaçadas, agora a cada 10, 20 minutos com duração de 40 segundos, mas nada com ritmo ainda. Minha consulta estava marcada para as 8h00 só fui atendida às 10h30. As contrações vinham cada 10 ou 20 minutos como uma onda com começo, meio e fim. Eu andava no corretor, apertava o braço da cadeira, me contorcia e cada pessoa que sentava ao meu lado achava um absurdo eu estar ali em trabalho de parto. Finalmente minha vez, entro no consultório e no meio da consulta lá vem a próxima contração, não tive como disfarçar, foi um gemido seguido de uma respiração de alivio. A médica perguntou desde quando eu estava sentido as dores e fez o exame de toque, 3 cm, um exame extremamente dolorido e bruto. Você quer ter esse bebê em casa? ela falou. Disse não magina, mas pensando sim, é obvio kkk. Sai de lá com um papel liberando minha internação no hospital.
Voltei para casa com muita dor, ficou tudo mais sensível depois daquele exame de toque, eu só conseguia ficar andando e quando a contração vinha eu tinha que parar me apoiar e balançar o quadril. Liguei para Lari dizendo que estava com muitas dores e um leve sangramento. Logo ela chegou em casa, fizemos massagem, banho quente, exercício na bola, pequenas caminhadas, tentei comer, mas nada descia e assim foi nossa tarde, dores intensas e contrações desritmadas. Fui instruída na casa de parto durante meu pré-natal, que deveria ir para lá quando as contrações estivessem ritmadas de 10 em 10 minutos com duração de 40 segundos cada. As minhas vinham a cada 10, 20 ou 30 minutos, mesmo assim ao fim do dia a Lari sugeriu que fossemos até a casa de parto para avaliar meu quarto, pois passei o dia com dores e sangramento. Levamos as coisas já? Minha mãe perguntou, eu disse que sim, vai saber! Pega a minha mala, mala da Melina, mala do Ninho, travesseiro, coberta, câmera, computador, vela, óleo essencial, foi praticamente uma mudança.
Durante o caminho, no carro, senti as contrações mais fracas, às vezes quando saímos de casa e ficamos muito agitadas o trabalho de parto estagna, foi o que aconteceu comigo.
Chegamos perto das 19h00 na casa de parto, fui recebida pelas enfermeiras e encaminhada para o cardiotoco. Exames ótimos, batimentos cardíacos da Melina estáveis e 5 cm de dilatação, porém as enfermeiras desconfiaram que a médica do posto descolou minha bolsa durante o exame de toque (manobra utilizada em hospitais para acelerar o trabalho de parto), o pior de tudo sem meu consentimento, isso configura violência obstétrica, fiquei arrasada. A enfermeira sugeriu que eu entrasse na banheira para ver se o trabalho de parto engrenava e se eu me acalmava, mas nada mudou o trabalho de parto tinha parado. Como estávamos bem fui aconselhada a voltar para casa e esperar.
Parece que a madrugada potencializa todas as dores, seja de parto, de garganta, de ouvido, barriga ou coração né? Não dormi, sabia que eu precisava descansar, mas era impossível com contrações a cada 15 minutos. Passei praticamente a noite toda no banheiro, ora no chuveiro, ora sentada no vaso sanitário, por incrível que pareça era lá que me sentia confortável.
Logo que o dia 15/01 clareou liguei para a lari chorando, dizendo que não aguentava e que as contrações estavam vindo a cada 15 minutos, ela disse que isso era ótimo e que logo chegaria em casa. Falei para meu companheiro que se a Melina não nascesse naquele dia eu ia para o hospital tirar ela de qualquer jeito, não aguentava mais!!! Ele me abraçou e disse que ia passar e que eu já tinha passado pela pior parte. Não sei de onde ele tirou aquilo, eu não tinha ideia de quando aquilo ia acabar imagina ele, mas aquelas palavras me deram força para continuar.
Eu já não tinha mais forças para caminhar, só queria ficar de cócoras e sentada. Quando a contração vinha eu ficava de cócoras, quando ela passava eu sentava. Tentei comer, nada descia, só ingeri líquidos, água, sucos e chá de canela. Passamos boa parte do dia assim, eu já não respondia, não sabia que horas eram, só queria ficar ali. Lembro que falei para Lari que só de pensar em ir até a casa de parto eu ficava mais cansada (neste momento decidi que se eu tiver outro bebê vou parir em casa). Era sexta-feira, e só perto das 17h00 que o trabalho de parto engrenou, comecei a sentir vontade de fazer força. Lembro-me da Lari dizendo que ia ligar para casa de parto e falar que estávamos indo, nossa naquele momento eu senti um baita alivio, sabia que agora estava chegando a hora.
Nem tiramos as coisas do carro no dia anterior, foi só descer até a garagem e entrar no carro... Chegando na garagem eu estava com tanta dor que coloquei tudo o que eu consegui comer durante o dia para fora. Nosso caminho? Marginal Pinheiros em uma sexta-feira chuvosa. A Lari foi do meu lado segurando minha mão, minha mãe dirigindo e meu companheiro como copiloto (ele não dirige) também segurando minha mão. Que aventura! A cada curva, a cada buraco a dor ficava maior. Eu só pedia ao universo para que ela esperasse a gente chegar até a casa de parto. Depois de 1h30 de trânsito chegamos!
Não lembro como eu cheguei, o que eu fiz, estava totalmente entregue àquela dor, só tenho flashes. Acho que era a partolândia! Fui para o cardiotoco, mede a pressão e o tão esperado exame de toque, esse era esperado, pois foi feito com cuidado e respeito... 8cm! Só agradeci. Lembro-me de pedir para entrar na banheira, água quentinha, luz baixa, silêncio. Lembro-me de me oferecerem água e mel, aceitei os dois. Meu companheiro perguntou se eu queria música, disse que sim! Ele sabia que tinha feito uma lista só com as melhores músicas rs. Ele escolheu Bob Marley. Na minha cabeça eu fiquei horas naquela banheira, primeiro deitada e depois de cócoras. Força, força, força era só o que eu fazia, já não sentia mais dor. De repente, ploc! Minha bolsa havia estourado, então comecei a sentir muita ardência, será o tão falado círculo de fogo? Sim, fiz mais força. Escutei alguém dizer, olha a cabeça!!! Coloca a mão que você vai sentir. Quando coloquei senti muitos cabelos e disse: Ela é muito cabeluda! Kkkk Mais força e toda cabeça saiu, logo a parteira Dora acolheu o resto do seu corpinho que saiu escorregando. Nasceu, nasceu! Que emoção ao som de Bob. Ela logo veio para meu colo, com os olhos bem apertos e sem chorar. Abençoada pelo universo! A partir dai foi só alegria.
Melina chegou ao mundo <3 |
Ficamos um pouco na banheira e depois fui para a cama. Esperamos o cordão parar de pulsar e minha mãe toda emocionada o cortou. Depois disso ela foi para o colo do pai, que tirou a camiseta para aquecer seu corpinho. Esperamos a placenta nascer. Ela voltou para meus braços e a partir daquele momento não nos separamos mais.
Me senti uma deusa, felicíssima por poder parir minha filha com toda tranquilidade e respeito.
Sou muito grata ao meu amado companheiro e a minha amada mãe.
A minha doula Larissa Queiroz e a toda equipe da Casa Ângela – Parto Humanizado.
E assim nasceu uma bebê e uma mãe realizada e feliz.
Existe parto humanizado pelo SUS? SIMMMM!
Me senti uma deusa, felicíssima por poder parir minha filha com toda tranquilidade e respeito.
Sou muito grata ao meu amado companheiro e a minha amada mãe.
A minha doula Larissa Queiroz e a toda equipe da Casa Ângela – Parto Humanizado.
E assim nasceu uma bebê e uma mãe realizada e feliz.
Existe parto humanizado pelo SUS? SIMMMM!
Vanessa Leal
Leia mais sobre parto humanizado:
0 comentários:
Postar um comentário