Estou grávida – e agora? | Mães no Divã

estou gravida o que faço

Essa semana me ocorreu um fato inesperado: uma amiga veio me pedir ajuda desesperadamente, tinha acabado de descobrir que estava grávida, já com 12 semanas de gestação, e não sabia o que fazer. Eu comecei a pensar no quantidade de amigas, colegas, pessoas conhecidas que neste último ano ficaram grávidas sem planejarem, algumas sem ter um parceiro, outras que ainda namoravam e nem pensavam em constituir família, e por ai vai. Percebi que a minha percepção era bem rígida diante dessas histórias, só conseguia pensar no por que elas não se preveniram e que elas estavam de fato muito encrencadas.

Mas diante do desespero dessa amiga em especial eu vi que estava ridiculamente enganada, primeiramente pela postura machista de achar que a culpa por estar grávida sem desejar era somente das mulheres e meninas e acabava excluindo os 50% dos genes e da responsabilidade dos futuros papais, e posteriormente por ver que a maioria teve o apoio da família e a encrenca não foi tão grande assim.


Estou grávida – e agora?
Essa é uma pergunta perigosa quando se descobre uma gravidez indesejada. Quando o desespero e o medo vem, não há espaço para pensar nas medidas drásticas que podem causar ao psicológico e ao corpo, além de desconsiderar que o aborto é considerado crime no nosso país.

Infelizmente nós temos que ser realistas diante de uma gravidez indesejada: primeiramente, não são todas as mulheres que sabem como devem usar os métodos contraceptivos (provavelmente você que está lendo isso agora vai pensar em “Como não? Claro que todo mundo sabe o que fazer para não engravidar”, mas pense em comunidades carentes, pessoas que não tem o acesso às fontes de informações que você tem, nem à educação que você teve, etc.). Segundo, nem todo mundo quer ser mãe e muitas mulheres acabam realizando abortos caseiros, que matam centenas delas todos os anos.

O índice de aborto cresce a cada dia, como o aborto é ilegal no Brasil (salvo algumas exceções), as clínicas que realizam esse processo são clandestinas e em sua maioria oferecem serviço de má qualidade e higiene precária. Na internet encontramos sites que vendem medicamentos abortivos que também podem trazer uma série de danos para a mulher, desde hemorragia até a morte.

Para quem tem o sonho de ser mãe, de ter uma família, a questão do aborto é inconcebível, mas para muitas mulheres e adolescentes que engravidam de maneira indesejada não veem nenhuma outra opção a não ser descontinuar a gravidez, e muitas vezes julgamos como se não fosse possível uma mulher não querer ser mãe ou não desejar uma criança naquele momento da sua vida. Longe de querer levantar a questão da legalização do aborto, hoje eu quero mostrar os fatos, o que realmente ocorre, e como isso angustia milhares de jovens que engravidam sem nenhum planejamento ou desejo. Alguns dados mostram que 85% das mulheres sexualmente ativas que não usam nenhum tipo de contraceptivos engravidam dentro de um ano.

A gravidez indesejada muitas vezes causa mais conflitos emocionais do que aquelas que foram planejadas, vemos sentimentos extremos de insegurança, ansiedade, desespero, depressão, culpa, vergonha e o medo de não ter o apoio do parceiro ou de familiares. Você já passou por isso ou então já parou para pensar no que essas mulheres e meninas sentem quando descobrem uma gravidez? Já pensaram ou se sentiram incapazes de reagir diante do medo do quem vem pela frente?


O que fazer no caso de uma gravidez indesejada em que se opte por não interrompê-la?
Se você é uma jovem que está diante de uma gravidez indesejada, conte para sua família. Muitas vezes a bronca e a irritação deles é menor do que você imagina, e mesmo que eles fiquem bravos e tristes, é um sentimento que passará com o tempo e então você terá com quem compartilhar suas emoções, porque lidar com essa situação sozinha é mais difícil ainda. Se não souber como contar para seus pais, conte primeiramente para um adulto de confiança, ele poderá te ajudar a contar da melhor forma.


Entregar para a adoção é uma opção
Se uma mulher ou menina não estiver preparada para cuidar do bebê e não quiser interrompê-la, deixar a criança para a adoção é uma opção. Não é crime e acredito ser a maneira mais sensata de dar uma chance ao bebê de ser amado e criado por pessoas que realmente desejam fazer o melhor para ele. Isso caso a pessoa não encontre uma outra saída MESMO e tenha condições financeiras escassas.


Lembre-se que você pode sempre mudar de ideia
Querendo ou não, a gravidez é um momento mágico, é um milagre, mesmo diante do susto inicial. Lembre-se que com o tempo o seu coração pode mudar de ideia e mesmo não sendo planejado algo de bom pode vir desse momento e dessa nova jornada. A vida é um bem precioso e precisa ser levada em consideração sempre. Conte quando se sentir preparada, mas lembre-se que como falamos em um artigo aqui no blog anteriormente, seus emoções afetam diretamente o bebê, então procure se cuidar tanto fisicamente quanto emocionalmente porque tem uma vida dentro de você que depende da sua saúde para se desenvolver bem.

Lembram-se daquele ditado “Deus escreve certo por linhas tortas?”. Pois é, de tantas amigas que tenho que ficaram gravidas sem desejarem, hoje elas relatam que tem um amor infinito por seus filhos e todas dizem que foi o maior e melhor presente inesperado que já lhe ocorreram. Leve sempre em consideração que depois da tempestade vem a calmaria.

Um abraço! Até a próxima!
Iara Borges
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Escrito por Iara Borges

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