Na semana passada aconteceu um fato inesperado e isso me fez querer escrever para vocês sobre uma doença muito difícil de diagnosticar em bebês e que é mais comum do que pensamos ou gostaríamos que fosse. Na última semana meu primo e afilhado de 3 anos de idade começou a apresentar alguns sintomas estranhos e tivemos a suspeita de diabetes, ainda estão sendo feitos alguns exames e o diagnóstico não está fechado.
Eu convivo com a diabetes faz muitos anos, aos 4 anos de idade a minha irmã foi diagnosticada com a doença, eu tinha 7 anos nessa época. Me lembro que era muito difícil o cuidado, a glicose subia e caia muito rápido, por várias vezes acordávamos no meio da noite com ela passando mal de hipoglicemia, como ela era ainda tão pequena era preciso ter o cuidado de explicar que ela não podia comer doce, e fazer os exames e aplicar a insulina diariamente era um momento difícil. Hoje ela já tem 21 anos e convive bem com a diabetes, mas é sempre um susto quando vemos crianças tão pequenas e até mesmo bebês com esse problema, isso causa sofrimento enorme e uma dificuldade maior ainda para se adaptar à criança que chega.
Vamos compreender um pouquinho sobre o que é a diabetes, qual seu tratamento e principalmente quais são os seus sintomas para ficarmos de olho nos nossos pequenos.
O que é a diabetes?
Quando ingerimos alimentos ricos em carboidratos eles liberam açucares no nosso organismo, a insulina, que é um hormônio produzido pelo pâncreas, transforma esses açucares (glicose) em energia para o corpo, quanto mais carboidratos ingeridos mais o pâncreas precisa produzir insulina.Existem dois tipos de diabetes: diabetes tipo 1 e diabetes tipo 2. A diabetes tipo 1 está relacionada a pouca ou nenhuma produção de insulina no pâncreas, esse tipo é o mais comum de aparecer em crianças pequenas e até os 30 anos de idade. É comum que esse tipo de diabetes apareça em processos inflamatórios, em uma infecção o pâncreas produz mais insulina e como a pessoa com a doença já não produz mais o hormônio os sintomas aparecem mais facilmente. Me lembro que descobrimos a diabetes da minha irmã, que é tipo 1, durante uma forte inflamação de ouvido que ela teve, foi a partir desse momento que vários sintomas, que veremos em seguida, começaram a aparecer.
Já a diabetes tipo 2 é hereditária, nesse tipo o pâncreas produz a insulina normalmente mas as células do corpo resistem à sua ação, a diabetes tipo 2 era mais comum de ser encontrada em adultos e pessoas idosas, entretanto tem se tornado também muito comum em crianças, associada principalmente à obesidade infantil, à maus hábitos alimentares e à uma vida sedentária.
Quais os sintomas?
A diabetes apresenta vários sintomas, um dos sintomas mais comum é a sede intensa, observe se seu filho pede água o tempo todo e se vai muito ao banheiro. Quando a glicose está muito alterada no sangue pessoas diabéticas a eliminam em grandes quantidades de urina, está aí a causa da sede excessiva, por eliminar glicose na urina, formigas no vaso sanitário podem ser uma pista de que ali tem açúcar.Outro sintoma é a dificuldade em ganhar peso, como a insulina transporta a energia dos alimentos para as células, a criança acaba não aproveitando os alimentos e consequentemente tem dificuldade em ganhar peso mesmo sentindo fome e ingerindo alimentos o tempo todo. Isso também acarreta um cansaço excessivo, já que não há energia suficiente para manter o corpo e as atividades do dia, o que gera sonolência, desânimo e fraqueza.
A visão embaçada também é um sintoma da diabetes, a glicose alterada provoca inchaço no cristalino, o que dificulta a focalizar as imagens, essa alteração só ocorre quando a glicose está alterada, mas é sempre bom consultar um oftalmologista e considerar que pode ser que não seja apenas um caso que se precise de óculos. Formigamentos e câimbras também são comuns, principalmente no pé.
Como é o diagnóstico?
Se seu filho apresenta mais de três dos sintomas acima procure um médico para fazer os exames necessários para fazer o diagnóstico, quanto mais cedo a doença for descoberta melhor será o tratamento. Diagnosticar o diabete em um bebê é muito difícil, ele ainda não sabe falar o que está sentindo e então é preciso muita atenção dos pais para perceber mudanças sutis.Se a diabetes não for tratada adequadamente pode trazer vários prejuízos para a pessoa, causando variação brusca da glicose como a hiperglicemia que é o aumento excessivo da glicose que causa muita sede, e a hipoglicemia, que é a baixa da glicose, que provoca tremores, taquicardia, falta de ar, dificuldade de responder a estímulos, e até mesmo o coma. Se o descuido com a doença for a longo prazo, o descontrole da glicose pode causar derrame, infarto, hipertensão, insuficiência renal, perda da visão e impotência sexual.
Meu filho tem diabetes, e agora?
MANTENHA A CALMA!! Geralmente quando não temos contato com a doença e ouvimos falar dela sempre lembramos do “fulano de tal” que ficou cego ou que teve que amputar um pé por causa da diabetes. Mas fiquem calmos. A história não é bem assim, a diabetes não causa essas coisas. O seu descontrole causa! E hoje está cada dia mais fácil de conviver e cuidar da doença, existem centenas de produtos no mercado para diabéticos, e são deliciosos!!! Eu aprendi a comer doces sem açúcar porque por muitos anos não teve nada com açúcar na minha casa, e os produtos são maravilhosos e com uma variedade imensa.Quando uma diabetes é confirmada é comum apavorar e pensar nas limitações que a criança poderá encontrar na alimentação, na escola, no dia a dia, etc. Porém, muitas vezes a dificuldade e o sofrimento é maior para os pais do que para a criança. Quando se trata de filhos associamos a dor à castigos, mas nesse caso devemos associar as injeções de insulinas e as picadinhas na ponta dos dedos a um bom controle da glicemia, a uma vida saudável e um tratamento adequado.
Como é o cuidado com crianças diabéticas
Na diabetes tipo 1 o tratamento é feito com aplicações diárias de insulina, a quantidade das injeções varia de acordo com a necessidade, geralmente entre 2 e 4. É preciso também monitorar a quantidade de açúcar no sangue para ver a melhor dose de insulina, para isso é preciso medir o nível de glicose no sangue algumas vezes ao dia, no início é comum fazer o exame mais vezes até chegar na quantidade adequada de insulina e ir diminuindo com o tempo na medida em que vai conhecendo seu organismo e aprendendo sobre a doença.A alimentação merece um cuidado especial, é preciso retirar alimentos ricos em açúcar e aumentar os alimentos ricos em fibras. Consumir moderadamente alimentos que contém muitos carboidratos, como arroz, massas, frutas. É importante manter sempre uma alimentação saudável e fazer com a criança pratique atividades físicas e brinque bastante.
Se seu filho tem diabetes tente ver a doença apenas como algo que precisa de uma atenção especial, não deixe que ele se sinta diferente ou inferior aos colegas por causa da doença. Como eu mencionei, existem uma série de produtos para pessoas diabéticas, quando for a uma festinha de aniversário leve dentro da bolsa um refrigerante diet para o caso de não ter para ele, leve também bombons e doces diet para a hora dos parabéns, o importante é não deixar que ele se sinta excluído pela doença.
Os casos de diabetes vêm aumentando cada dia mais. Ensine seu filho a se cuidar para que futuramente ele não chegue a condições extremas causadas pela doença. Manter um diálogo é importante para que a criança aprenda sobre o que acontece com ela. E fique atento para não passar seus medos e inseguranças para a criança. Infelizmente a diabetes ainda não tem cura, mas em compensação o mercado não deixa a desejar para trazer aos diabéticos uma vida o mais ‘normal’ possível. Procure sempre um médico em caso de suspeita da doença para tirar suas dúvidas, quanto mais cedo começar o tratamento melhor será a qualidade de vida do seu filho.
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