Você provavelmente já escutou que até o sexto mês de vida, os bebês não precisam de nada além de leite materno. Isso é bem verdade e nos deixa tranquilos no comecinho da vida dos pequenos. Lá pelo quarto mês, muitas mães voltam a trabalhar e aí surge os primeiros problemas: como manter a amamentação exclusiva por mais 2 meses? Que alimentos introduzir? De que forma realizar a introdução alimentar? Esse é um assunto bastante complexo e tem sofrido algumas mudanças radicais com o passar do tempo. Para simplificar, criamos esse "manual" sobre tudo que você deve saber sobre a alimentação dos bebês.
Amamentação exclusiva até o 6º mês
Nos moldes que nossas leis funcionam, é realmente bastante difícil manter a amamentação exclusiva até o sexto mês de vida dos bebês. Se você trabalha e sua licença maternidade está ao fim, é importante que você saiba quais são as suas opções.1. Continuar com o leite materno
Algumas mulheres se adaptam a rotina de fazer a ordenha (retirada do leite) manualmente ou por bombinha (existem muuuuitos modelos, tanto manuais como elétricos) e armazenam na geladeira ou no congelador para que outra pessoa ofereça ao bebê. Eu mesma fiz isso por meses! Eu tirava leite quando chegava da faculdade (momento em que meus seios estavam cheios) e deixava no congelador para ser oferecido ao meu filho na noite seguinte.
2. Introduzir leite artificial
Não existe leite melhor que o materno, mas é necessário tempo para que seja feita a ordenha dos seios e isso faz com que muitas mulheres insiram o leite artificial (o famoso leite de lata) na alimentação dos bebês. É a melhor opção? Não, porém é a mais prática. Atualmente, todas as fórmulas infantis no mercado brasileiro são consideradas seguras e possuem regulação pela ANVISA.
Quando iniciar a introdução alimentar?
A Organização Mundial de Saúde (OMS) alerta que a amamentação deve ser exclusiva até o sexto mês e continuada até os 2 anos de idade. O leite materno supre todas as necessidades do bebê até o sexto mês. Após esse tempo, o leite deixa de ser suficiente e por isso deve-se oferecer outros alimentos. Nessa fase, o bebê também começa a sentar com maior firmeza e possui maior coordenação motora, o que ajuda no processo de introdução alimentar.Qual é o problema em introduzir alimentos antes do 6º mês?
Apesar de ser uma prática extremamente comum no Brasil, também é bastante prejudicial. Além de o bebê ainda não ter um sistema digestivo desenvolvido por completo, a introdução alimentar pode aumentar os riscos de alergias e infecções. A introdução precoce também pode fazer com que o bebê passe a recusar leite materno e este é o melhor alimento que seu filho pode receber no momento, pois oferece proteção ao bebê. Para simplificar, pense dessa forma: Estaremos trocando um alimento rico e perfeito por um alimento que não supre as reais necessidades do bebê. Além disso tudo, a introdução precoce pode desencadear diarreia, doenças infecciosas (como asma) e deficiência de absorção de nutrientes (como ferro e zinco).Posso oferecer chás, água e sucos?
Antes do sexto mês, nenhum destes itens são necessários. O leite já contém todas as propriedades que seu bebê precisa. Ao realizar a introdução alimentar, ofereça água filtrada nos intervalos. Prefira os copos de transição e evite oferecer água na mamadeira. É normal que o bebê rejeite o líquido algumas vezes, pois ele não conhece. Não precisa insistir, porém não deixe de oferecer. Já os sucos devem ser evitados até os 2 anos de idade. Os sucos possuem alto índice glicêmico e há grande perda de fibras. Dê preferência para a fruta in natura.
Métodos de introduzir alimentos
Atualmente existem quatro formas de se iniciar a alimentação dos bebês. Vamos conhecer um pouco sobre elas?Tradicional
Nesse formato, o adulto é 100% responsável pela alimentação, não dando autonomia alguma para o bebê. Aqui são oferecidas papinhas de forma gradual e é papel do responsável levar o alimento até a boca do bebê, assim como fazer todas as decisões no processo de alimentação.
BLW
BLW é uma sigla para Baby Led-Weaning (introdução alimentar guiada pelo bebê). Através desse método, o bebê possui total autonomia sobre sua alimentação. Nesse método, os alimentos são oferecidos em pedaços pequenos, assim o bebê pode escolher o que quer comer e possibilita que o faça sozinho. O papel do adulto é apenas disponibilizar os alimentos e supervisionar.
Responsiva
A introdução responsiva também é baseada em oferecer papinhas gradualmente conforme o crescimento do bebê, porém respeita o limite e a satisfação da criança. Através da introdução responsiva, o bebê possui certa autonomia para se alimentar o quanto quiser, competindo ao responsável incentivar a alimentação sem forçá-la, diferente do método tradicional
Participativa
A introdução alimentar participativa foi gerada a partir da mistura de outros métodos, pois consiste em tornar o bebê o agente ativo da alimentação (BLW), porém com auxílio do responsável (tradicional/responsiva). Isso quer dizer que o responsável apenas auxilia o bebê nas questões motoras, deixando que ele mesmo decida o que, quanto e como quer comer. É chamada também de "alimentação assistida".
Por quais alimentos devo começar?
Já alertamos que até o 6º mês o aleitamento deve ser exclusivo, certo? A partir daí, o bebê pode (e deve) passar a ingerir outros alimentos para complementar sua alimentação. E é geralmente aí que as dúvidas surgem: Por qual alimento começar? A resposta é mais simples do que você imagina.Frutas
É comum que no 6º mês se ofereçam tanto frutas quanto comidas salgadas. Para fazer a papinha, é só amassar as frutas com um garfo (ou amassadores). Você também pode cortar a fruta em pedaços pequenos que sejam compatíveis com o tamanho da boca do bebê. Dê preferência para frutas moles nos primeiros meses para que não machuque a gengiva de seu filho e evitar que ele engasgue.Ao contrário do que muitos pensam, não existe nenhuma fruta contra-indicada para os bebês. No entanto, é comum ouvirmos relatos de que frutas cítricas podem causar irritação, como abacaxi, laranja, limão, entre outras. Mesmo não havendo nenhum dado comprovado de que seja contra-indicado, observe seu bebê durante e após a alimentação e analise qualquer tipo de mudança.
Comida salgada
A refeição principal deve conter um alimento de cada grupo, que são cereais ou tubérculos, legumes e verduras e frutas, alimentos de origem animal e leguminosas.Você pode alternar os alimentos todos os dias desde que sempre ofereça pelo menos um item de cada grupo.
Grupo 1: Cereais e tubérculos
São fontes de carboidratos, que gera energia ao corpo.
Arroz, mandioca, batata doce, macarrão, batata, cará, farinhas, batata-broa, inhame, batata, mandioquinha, etc.
Grupo 2: Legumes, verduras e frutas
São ricas em vitaminas e minerais e dão a sensação de saciedade.
Folhas verdes (alface, couve, rúcula, agrião, acelga, etc.), abóbora, banana, beterraba, abacate, quiabo, mamão, cenoura, melancia, tomate, manga, milho, pepino, vagem, ervilha, chuchu, etc.
Grupo 3: Alimentos de origem animal
São ricos em proteína.
Aqui se enquadram carne, frango, peixe, ovo, etc. Nessa fase, evite produtos derivados de leite de vaca, como queijo.
Grupo 4: Leguminosas
Grande fonte de ferro.
Feijão, lentilha, ervilha, soja, grão de bico, etc.
IMPORTANTE:
Caso prefira dar o alimento em forma de papinha, sempre amasse com o garfo ou com um amassador para que a comida se torne um purê. Não é necessário bater no liquidificador ou peneirar, pois ao fazer isso, você reduzirá o número de fibras do alimento!
Existem alimentos que devo evitar?
Sim! Alguns alimentos são grandes causadores de alergia alimentar e intoxicação em crianças, como ovos com gema mole, peixes, leite de vaca, oleaginosas (como amêndoas e nozes) e frutas cítricas (como abacaxi e limão). Evite dar esses alimentos para seu bebê nos primeiros meses. Outras substâncias são recomendadas apenas após os 2 anos de idade, como a cafeína e o mel. E claro, evite produtos industrializados. Seu bebê não precisa deles.
Dicas:
• Os alimentos devem complementar a amamentação e não substituí-la;
• Evite temperos picantes e excesso de sal;
• Não adicione açúcar aos alimentos, nem mesmo às frutas. Deixe que o bebê experimente o sabor verdadeiro delas;
• Dê o exemplo: coma os mesmos alimentos que oferece ao seu bebê;
• Ofereça o mesmo alimento mais que uma vez - e até mesmo em formas diferentes;
• Evite distrações à mesa! Isso quer dizer que o celular e a TV devem estar desligados e bem distantes;
• Seja paciente. Respeite o tempo do seu bebê;
• Perceba quando seu filho estiver satisfeito;
• Não importa o método escolhido, os bebês fazem sujeira e isso faz parte do aprendizado;
• O seu bebê pode ser alérgico a algum alimento. Fique atenta aos sinais.
Espero que esse artigo tenha sido esclarecedor!
Qualquer dúvida, mande uma mensagem. Estaremos dispostos a ajudar :)
Um super beijo,
Verônica
Recomendo muitíssimo os sites que usei como referência para esse artigo:
Aleitamento.com | Pediatria Descomplicada | A Nutricionista | Mãe aos 40 | Tá na Hora do Papá
Photo credit: chefranden via Visualhunt.com / CC BY
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