Ser pai e mãe de primeira viagem é bastante diferente de ser pai e mãe de segunda viagem. Em uma primeira gravidez, os medos e receios envolvem sobretudo os novos papéis que o casal passará a desenvolver com a chegada da criança, enquanto um segundo ou terceiro filho e assim por diante já envolve uma relação familiar mais complexa, já que os outros filhos também estão envolvidos e a chegada de outro bebê altera a rotina não só dos pais mas também da(s) outra(s) criança(s) em casa.
Quando a criança ainda é pequena, a chegada de um novo irmãozinho pode gerar ciúmes e alguns comportamentos incomuns. Este é um medo e uma preocupação bastante comum que os pais sintam, podendo causar sentimentos de insegurança para lidar com o filho mais velho.
O primeiro filho desperta nos pais a insegurança e o medo diante da falta de experiência com os cuidados necessários a um bebê, mas ao mesmo tempo essa criança recebe com exclusividade toda a atenção dos pais. A chegada de um irmãozinho, mesmo sendo muito desejada pela criança, pode desencadear crises de ciúmes, pois a atenção agora precisa ser dividida, principalmente nos primeiras semanas em que a mãe ainda está se recuperando do parto e se adaptando as necessidades do novo bebê.
Quanto mais novo o filho mais velho, mais sensível ele será às mudanças. Geralmente as crianças entre 2 e 4 anos são as que mais apresentam dificuldades para dividir a atenção com o bebê. Quando essa criança começa a ir para a escola e a ampliar seu contato com o mundo, ela começa a estabelecer outros laços e aceitar mais a chegada do irmão.
É importante que os pais saibam “administrar” a atenção e criar um ambiente de cooperação, fazendo com que os filhos mais velhos participem da rotina do novo bebê. Vamos ver algumas considerações importantes para manter a saúde e a harmonia do ambiente familiar com a chegada de um novo membro:
Administre a atenção
Vocês não são mais pais de uma única criança, agora existem duas (ou mais) que precisam do carinho, atenção e apoio para que possam se desenvolver de forma saudável. Durante a gestação, procurem fazer com que os filhos mais velhos participem dos acontecimentos, deixando claro que uma criança recém-nascida precisa de cuidado e atenção especial, assim como eles precisaram quando eram daquele tamanho. Dê atenção para o filho mais velho e mostre sempre que ele tem o seu espaço. Se o bebê chorar quando você estiver desenvolvendo alguma atividade com a criança, tente não sair de imediato, mas peça para o bebê esperar um pouquinho para que você possa terminar de ajudar o irmão. Ao ouvir isso, a criança se sente mais segura e reforça a certeza que tem de que é amado pelos pais.Evite castigos em excesso
É normal que a criança fique mais agitada com a chegada do irmão. É possível que, para chamar a atenção, ela faça “mais bagunça” do que o costume ou se torne mais desobediente. Entretanto, colocar a criança de castigo sempre que ela apresentar esse comportamento pode aumentar o ciúme e o sentimento de que não é mais amada.
A importância da rotina
Provavelmente vocês, pais e mães, devem ter uma rotina de brincadeiras e atividades com os filhos. Mesmo com a chegada de um bebê, é importante que essa rotina seja mantida. Se vocês brincam no parque nos finais de semana, contam histórias para dormir ou qualquer outra atividade, é importante que ela não saia da rotina. Se essas atividades forem extintas quando o irmão chegar, a criança vai associar essa perda à chegada do bebê e consequentemente gerar sentimentos negativos de que o irmãozinho está lhe tirando momentos preciosos. Peça que ele ajude a cuidar do bebê
Atitudes pequenas ajudam a amenizar o ciúme. Peça ajuda no banho ou para trocar a fralda. A criança pode pegar um item ou outro para ajudar. Encoraje a criança a ser um irmão que vai cuidar do bebê. Dar alguma responsabilidade para a criança também é importante, peça que ela olhe o bebê por algum tempo, deixe que ela o segure, etc.
Elogie seus filhos!
Mostre sempre interesse pela criança, principalmente pelas boas ações que ela faz. O elogio mostra que você está atento às ações de seu filho e ajuda a reforçar suas boas atitudes. Dessa forma, no lugar de apresentar comportamentos inadequados para chamar a atenção, a criança vai descobrir que suas atitudes positivas são valorizadas e atraem a atenção dos pais. Não faça comparações
Muitas vezes existe a comparação de uma criança com a outra, “fulaninho quando nasceu chorava mais durante a noite, ou dava mais dor de barriga”, ou “esse aqui mama mais e é mais calmo”, essas comparações são muitas vezes inocentes, mas temos que nos lembrar que cada ser humano é único, carrega suas próprias características e tem o seu valor.Faça com que o filho mais velho seja uma referência para o irmãozinho
Quando você atribui responsabilidades e elogia os bons comportamentos da criança, mostre para ela que essa atitude é importante para o bebê e que ela deve lhe ensinar quando o bebê crescer.Iara Borges | Mães no Divã
Psicóloga
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