Precisamos dar a chance de nossos filhos nos surpreenderem


Tudo começou há 2 anos e 10 meses, quando descobri a gravidez do meu primeiro filho. Logo com a notícia, já senti que seria uma mãe super protetora. No meio da gestação já me incomodava os pensamentos de tantas pessoas segurando meu filho recém-nascido e quando ele finalmente nasceu tudo que eu pensava se concretizou. Passado o tempo, meu filho foi crescendo e se desenvolvendo. Percebi que ele não era tão frágil como eu imaginava e algumas neuras foram embora.

Recentemente, fomos à festa de uma amiguinha da escola e vi um menino da mesma sala do meu filho bebendo água sozinho em um copo de vidro, coisa que nunca deixei (ou deixaria) meu filho fazer por acreditar que ele não conseguiria, ficaria todo ensopado, quebraria o copo e se machucaria. Pode até parecer besteira, mas nesse momento questionei meus traços super protetores e se eles poderiam prejudicar o desenvolvimento do meu filho.

Decidi que deveria fazer algo sobre meu pensamento! Há alguns meses ele repete "água, água" sempre que sente sede e não demorou nada para que eu tivesse a oportunidade de oferecer algo novo - pelo menos novo para mim. Na mesma semana, ofereci água em uma caneca de plástico invés do copo de transição. Ele não só bebeu sozinho sem se molhar, como ainda me devolveu a caneca quando não quis mais, mesmo sobrando água! A coordenação dele foi tão impecável que fez com que eu me sentisse uma estúpida por nunca ter oferecido o copo comum antes.

A verdade é que nós nos preocupamos demais. Não devemos comparar nossos filhos com os dos outros. Cada um se desenvolve de uma forma e forçar que seu filho faça as mesmas coisas que as outras crianças é não respeitar o seu próprio tempo, mas é importante vermos o que eles podem fazer e darmos espaço para que eles o façam. Em nenhum momento impus que ele bebesse no copo, mas ao mesmo tempo não permiti que ele mostrasse que consegue.

Outro fato engraçado que aconteceu recentemente é que ele começou a recusar quando alguém tenta alimentá-lo e, muitas vezes, recusa também a colher e dá preferência ao garfo. Não é sempre, mas em muitas refeições ele faz questão de se alimentar sozinho. Ele sobe na cadeira e fica em pé espetando a comida e levando até a boca. Com isso, está se impondo sobre sua alimentação/forma de se alimentar. Por outro lado, ele nunca impôs ou demonstrou interesse em beber sozinho no copo comum. Isso tudo me leva a crer que a maternidade/paternidade e o desenvolvimento infantil não partem apenas da estimulação que vai dos pais para os filhos, mas é uma troca constante. Algumas coisas eles pedem ou exigem, outras temos que oferecer.

Às vezes esquecemos que eles estão aprendendo coisas novas todos os dias e nem tudo aprendem com a gente. É preciso abrir espaço para que eles nos mostrem o que estão conhecendo. Precisamos dar a chance de nossos filhos nos surpreenderem. Aqui tem sido assim! Sempre abri espaço para que ele me mostrasse o que aprende de novo, mas não percebi que o espaço deveria ser ainda maior, já que o desenvolvimento deles é rápido e constante.

É verdade quando dizem que aprendemos com nossos filhos. Quantas coisas eles devem saber que nós nem imaginamos?

Um super beijo,
Verônica

Photo Credit: VeniceJoanNikole via Compfight cc
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Escrito por Verônica Ponce

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